A segunda parte da noite do Moda Insights 2010, também foi dedicada ao marketing. A convidada foi Gabriela Leite, idealizadora da grife DASPU, que falou sobre a criação de uma ONG como uma sacada de marketing.
Logo nos primeiros minutos ela conquistou o público, que além de dar boas risadas a saudou, com muitas palmas, quando falou que gosta mesmo é de ser chamada de puta. “Não gosto desses nomes higienizados, como profissionais do sexo. Servem só para esconder as verdades”, completa Gabriela.
A integrante da ONG Davida, do Rio de Janeiro, falou que a DASPU surgiu em uma mesa de bar e que antes mesmo de sair do papel, já estava na mídia. “Alguém falou em montar uma confecção, eu logo disse, grife é mais chique”. A informação vazou e no dia seguinte estava no jornal, a partir daí todos os principais veículos do Rio e de São Paulo se interessaram. Logo a mídia internacional apareceu.
Elas se tornaram conhecidas e precisavam de um nome, pois todo mundo queria saber quem eram essas pessoas e a roupa que faziam. No entanto, só existia a ideia. Surgiu assim a DASPU, na época a Daslu (que Gabiela nem sabia que existia) estava em evidência por problemas com impostos.
A marca fez o caminho inverso do esperado, conquistou a mídia e depois pensou no produto. Sem dinheiro, mas com um nome no mercado, lançaram uma camiseta para o Natal com a seguinte frase, “somos más podemos ser piores”. Venderam 22 mil camisetas.
O sucesso da marca rendeu e rende muita publicidade. “As pessoas compraram a nossa causa”. Porém, muita gente quer ajudar da maneira errada, lembra Gabriela. “Não queremos mudar as pessoas, mas sim dar dignidade e visibilidade ás prostitutas”, e isso a Daspu conseguiu. “A grife é a ferramenta que a ONG usa para conseguir melhorar a nossa vida”.
Hoje, as roupas são terceirizadas e vendidas no site. A ironia está presente nas frases bem humoradas que estampam as peças, “as mulheres perdidas são as mais procuradas”. De uma pequena ideia, surgiram grandes oportunidades. Com a visibilidade da marca a ONG pode desenvolver um trabalho fundamental na sociedade. “O que queremos é juntar todo mundo e não separar, de um lado as putas e do outro a sociedade”. Aplaudida de pé pelo público, Gabriela encerrou a conversa e o segundo dia de evento
Gabriela Leite É idealizadora da grife Daspu, criada em 2005 por integrantes da ONG Davida, do Rio de Janeiro. Com a marca e suas coleções, desenvolvidas em parceria com profissionais de moda, atrai público, mídia nacional e internacional para desfiles em ruas, cabarés, clubes e casas de show, além de teatros, universidades e a eventos como a Bienal de São Paulo e a Conferência Internacional de Aids realizada na Cidade do México. Gabriela também é fellow da organização internacional Ashoka de empreendedores sociais e autora do livro "Filha, mãe, avó e puta", pela Editora Objetiva.